Demonstrar dignidade em gesto,
Indignação em protesto,
Clamar ao fanatismo que lhe embaça a visão,
Simultaneamente ao apedrejamento do sábio,
Que critica o que todos hesitam em desafiar.
Recitar feito tenor aquilo que os olhos não vêem,
Para um público armado em ressentimentos,
Para um homem estufado peito à dentro,
Consumido pelo próprio esquecimento.
Que eternizem-se no museu as preciosidades,
Compaixão, companheirismo e honestidade,
Pois sobre a face do planeta,
Restam apenas vívidas cicatrizes.
Que ao fim da guerra,
Seja coroado homem, e não rei,
E ao fim do mundo,
Que acabe como sempre,
Em uma intoxicada pizza.
Que a história se repita,
E o ser morra corroendo-se em destroços imorais,
Para que enfim o padre seja santificado,
E jamais torne a tocar no que de fato é abençoado.
RICHARD CAMARGO
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