sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ser Espectador


Não sou portadora do dom de discorrer com eloqüência, ou demonstrar certa experiência ao observar este mundo em que vivo.
Não sei defender teses ou adotar uma postura que me aparente ser mais sábia ou concisa no que diz respeito ao meu pensar.
A vida, para mim, nada mais é do que um grande palco, sempre repleto de dramas, alegrias, aventuras, terror. Há aqueles que encenam, se mostram, vivem, mas há quem os assistam, sentados, de camarote.
O fato de serem meros espectadores os limitam ao enredo, sem poder interferir em suas histórias, seus personagens, seu final, presos às expectativas.
Como simples assistente eu sinto toda emoção posta à mostra, e reajo com riso, choro, espanto, medo, tristeza, mas reafirmo, não passo de um espectador.
Seus capítulos extensos, figurantes diversos, protagonista em peso, e eu, como mais um na platéia, torço pelo final feliz, que tanto espero. A verdade é que nunca presenciei algum, mas é considerável, quando ainda não cheguei ao fim dessa história.
Ah, palco de emoções. Sentada ali vi grandes espetáculos, uns que marcaram por suas glórias, outros por seus desastres.
Talvez, às vezes penso, pudesse ser eu ali, atuando, vendo mais de perto, sentindo na pele, fazendo acontecer, exercendo desde um simples papel de figurante à um eminente protagonista. Quem sabe eu pudesse ser um herói, ou um vilão, aquele que causasse o terror com bombas atômicas ou químicas, destruições em massa, ou poderia ser aquele que erradicasse a fome, a miséria e a frigidez, promovendo ao mundo uma paz comum.
Quem sabe eu fosse a cura, ou a condenação.
Eu poderia ser quem eu quisesse nesta história, que passa longe de ser considerado um conto de fadas.
Porém, ao me deparar com a idéia glamurosa de fazer parte do show da vida, me vejo também na obrigação de decorar roteiros, desenvolver técnicas, muito a saber, a aprender, muito a viver.
Talvez eu pudesse, sim, ser tudo isso um dia, e aceitar seus fardos também, mas hoje eu prefiro permanecer confortável em minha cadeira, sendo nada além do que mais um espectador.

Natalia Matos

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