domingo, 4 de março de 2012

Palavras daquele que não é ouvido, a voz da esquizofrenia.




            As crianças aqui corriam, perambulavam de maneira agradável, trazendo aquele frescor no ar, encantando as mulheres solitárias, e causando delírios em suas pobres mamães, mas nada é como antes, as velhas cantigas de infância há tempos deram lugar para barulhos sem nexo ou coesão, antes fossem instrumentos, talvez até o sejam, mas soam feito armas, angustiam, perturbam e tiram qualquer vontade que esteja relacionada a motivação.
Se não há uma explicação lógica para essas imagens embaralhadas, sobra muito pouco, e faz-se necessário retirar disto qualquer aprendizado, que beira o insano aos olhos de qualquer um, que o trituram, de maneira tão voraz, que qualquer tipo de carinho ou aconchego é no máximo, uma recordação, pois os tempos são outros, é hora de não saber ver a hora, de ser o centro das atenções, ora por misericórdia, ora por preconceitos, mas sempre no centro do grande palco, aquela boca negra que te engole aos milhares de olhos atentos, afinal, nem todos são os grandes artistas dignos de aplausos.
Pudera, há algum tempo, escrever relacionado a coisas diferentes, ser sincero, sendo por mais que não queira; aquela vida já se foi, e sabe-se lá se pretende voltar, e até que exploda, segue-se vivendo, ou empurrando, ou algum outro sinônimo que for cabível, pois a grande questão é até quando.
Se cada um tivesse as capacidades que imagina, crianças ainda correriam, mesmo que de maneira diferente, as músicas, por mais que não fossem as mesmas, agradariam pela novidade, ou desagradariam de maneira instintivante, mas como havia dito, os tempos são outros, e agora eu não sei, apenas compartilho um fantasma, ou vários deles, que foram criados sem qualquer permissão.

RICHARD CARBONI

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