sábado, 18 de agosto de 2012

O AMANTE



Uma estante aos olhos cansados, mas a quem estivesse disposto a uma interpretação, as possibilidades chegam a tocar os lábios do infinito, era uma coleção de discos, para os olhares pouco minuciosos, mas para quem não teme, poderia ser um epopeia, narrativa de momentos diversos, chorosos em meio aos acordes melancólicos de trechos marcantes, que o tocavam a sensibilidade, e compartilhavam terreno em seu coração, com as canções jovens, repletas de ingenuidade, e o que o lembravam do tempo em que era sincero. 

Havia uma acompanhante, além da música, jovem pouco instruída, e apegada com apreço com a futilidade, mas isso pouco importa, uma vez que o amor independe de características mundanas; e sim, o casal tem uma história. 

Ela, dona de um nome, mas que será mantido em sigilo, suplicava pelo desaparecimento da estante, aquela parede era perfeita para um quadro, mas seria de extrema injustiça destruir um monumento artístico como aquele, um novela de capítulos acústicos, onde as melodias por tantas vezes a fizeram dançar, mas ela era ingrata, e ele, amante.

RICHARD CARBONI

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