Crianças correndo na rua, gritos de mães preocupadas; esta é, provavelmente a principal cena vista há trinta anos, onde brincávamos de amarelinha e corríamos do bicho-papão. Mas nossas raízes foram perdidas em meio ao caminho, pois hoje vemos apenas conversas frívolas e a interiorização de si, legítimo egocentrismo. Os pequenos perderam seu espaço para a poluição e a violência, retirados de um mundo que de fato lhes pertencia. É cada vez mais raro ver a felicidade no seu devido lugar, quando apareceu essa tal tecnologia para levá-las para dentro das casas e tentar transmiti-las por detrás das telas de zilhões de polegadas e megapixels. Como o ideal de tolice vem se esgotando cada vez mais cedo, essa vontade de aproveitar a infância virá à tona nos tempos errados, ou seja, possivelmente no futuro teremos adultos rindo ao pularem corda, enquanto seus filhos saem para bares para reclamar da vida, pois não se cria uma criança com outra. O termo responsabilidade será associado à diversão, enquanto os deveres serão secundário. As gerações assim prosseguirão, desfazendo este sistema capitalista e construindo uma anarquia geral. Mas sempre haverá aqueles que tentarão voltar às origens, e estes por sua vez, serão calados pela voz da "benevolência".
ISABELLA GATTI
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