sexta-feira, 15 de junho de 2012

16/06/2012

                                                
Confesso, não sou bom para datas, enxergo a vida com uma sobreposição finita de dias, as noites sucedem manhãs e as pessoas passam a existir; de fato, alguns destes breves intervalos de 24 horas tornam-se marcantes, por fenômenos de caráter pessoal ou qualquer outra coisa parecida, citaria, por exemplo: um dia saí do meu leito familiar, recordo como se fosse ontem, aquela angústia advinda da imensurável curiosidade por mares nunca antes navegados, as maiores teorias filosóficas de todos os tempos, eram interpretadas por minhas trêmulas pernas, mas para ser honesto, lembro-me do momento, mas não do dia, aliás, quando foi mesmo? 

Torno a ressaltar, não sou bom de datas, meu coração tem o estranho costume de fazer piada de situações tristes, ri com um sorriso de papelão dos rostos tímidos que se aventuram a adotar novas posturas, e brinda doses embriagantes de maldizeres com um petisco qualquer, literalmente qualquer. Ah, esse meu coração, que por mais vez insiste em não ser bom de datas, esquece-se das luzes que um dia o emocionaram, ou fingiu estar emocionado, afinal, nem eu sei quem realmente esse coração é. 

Poderia dar a ele um nome, talvez assim criasse uma identidade, algo sólido e próprio, pelo qual seria reconhecido, admirado ou odiado, a ordem não importa, mas ainda sim, seria algo, mas certamente, algo que é não bom com datas. Sinto-o acelerar, transparece em uma vontade incontrolável de dar a voz a algo que guarda consigo, então vai, que fale você coração: 

“Não sou bom de datas, assumo, mas isso é culpa sua, que em nenhum momento da vida foi capaz de entregar amor por pelo menos 24 horas, viveu à margem do quis, brincou de ser algo que não é, e agora lamenta, fingindo não ter sido feliz afim de me culpar, mas não se acanhe meu amigo, até o fim estaremos unidos, e ela, ela ainda estará do seu lado.” 

Falava de meu coração em terceira pessoal, mas de fato somos um só, ou melhor, somos eu, ele e ela; que, diga-se de passagem, é ótima com datas, e no dia de hoje, me presentou com algo que sempre quis, mas nunca fui capaz de obter, eram lágrimas, o deserto que sempre habitou meu pensamentos, dava lugar a uma tempestade de humanidade, sim graças à ela me descubro homem, de carne, osso e sim, emoções. 

E se quer saber, que leve meu coração! Não, ela não é ladra, é merecedora do meu fiel companheiro, e repito, que leve meu coração! Pois agora, eu não preciso de mais nada, possuo uma data, 16/06/2012, o dia no qual a ela me humanizou e me fez ter certeza, de que não importa onde ela esteja meu coração, eu, eu e meu coração, estaremos a acompanha-la, de modo que mesmo solitária, sinta-se sempre abraçada. 


Richard Carboni

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