As crenças populares, há tempos
mistificando aquilo que é lógico, abstraindo aos espasmos desafinados o encanto
do que é de fato real, glorificam a imatura primeira paixão da vida, como quem
abusa do direito de dar ordens; apedrejam, não na cruz, mas no seu próprio
interior, aquilo que mais maduro, viria a ser o primeiro amor, taxando à ele de
inoportuno, inadequado, e mais sinônimos com esse tão breve, mas dolorido
prefixo.
E exclamam quase sem fôlego os
leigos, em um breve e lamentável bordão, que a voz do povo é a voz de Deus; o
conglomerado de pessoas que leem o mesmo livro, e se confortam mediante uma
igualdade invisível, uma crença questionável, uma posição respeitosa à mesa de
jantar no domingo; tão vazios, que não se importam com a ousadia de questionar
a validade do primeiro amor.
O segredo desse
cadeado, a interpretação falha do termo preconceito, que fixa a si próprio o
ônus de carregar a pobreza de espírito das pessoas, que esquecem a razão
envoltos à gritos ofensivos, desmoralizantes, e inferiorizando a existência
física de outro; perda de tempo, pois essa é a única vertente onde existe
igualdade, o negro é igual a ao branco, mas o ignorante, está muito distante do
individuo culto.
Não identificável em meio ao meio, sem pátria, sem raízes,
mas acompanhado, por meus próprio valores particulares, e que jamais irão
tornar-se uma mercadoria, existo, pois é
pouco interessante ao mercado, que meu primeiro amor seja também minha primeira
paixão.
RICHARD CARBONI
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