terça-feira, 18 de dezembro de 2012

QUANDO 21 CHEGAR



Antes que chegue o 21-"quando eu morrer não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela"- sobretudo não quero choros falsos nem conversas de um bando de loucos. Quero sim, um silêncio velado e a inspiração de uma prece sincera aos céus. Levem para longe as piadas e as conversas vãs. Não digitem nos celulares as preocupações do escritório. Não fiquem a mirar aquele invólucro que por um bom tempo comportou meu espírito e minha alma. Deixem o comentário sobre a minha expressão e a forma com a qual estarei arrumado. A roupa daquela pessoa simples em um canto silencioso da sala pode deixar de ser objeto de análise das vaidades humanas. Não contem quantas pessoas vieram. Deixem de perceber se as flores estão bonitas, cheirosas ou cansadas. Confortem apenas os que deixem e, sobretudo, os que souberam entender e perceber a minha passagem e a missão que por aqui vim cumprir. Será mais um desígnio divino, pois sei que o meu caminho e a minha sorte por Ele está traçada. Após as orações quando lacrarem de vez minha sepultura voltem para virar mais um momento, uma hora e um dia de suas vidas. Esqueçam a pieguice de dizer se fui um bom sujeito, pois aquele cara não sou eu, já que passarei a ser só um relicário de lembranças. Serei somente mais um epitáfio que o tempo se encarregará de obrigar poucos a elevar, vez em quando, uma prece para eternizar meu espírito. E que Deus ajude e abençoe a todos nós...


CLAUDIONOR SALMAZIO

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