quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

NÉVOAS




Não há quem possa entender a vontade de meus ossos gélidos pela rotina, esperando, ansiosos e sem pudor, para chegar ao fim do dia. 

Eles aguardam, como uma criança a espera de promessa. Como uma ave, que permanece imóvel a alvorada pra seguir caminho. Finalmente quando chego, posso me acalentar nas minhas manias, meus costumes, minhas besteiras. É bom quando posso olhar e dizer: "isso é meu". Conforta-me, como se eu tivesse descoberto uma invenção de mim mesma! Reinvento-me hora sim, hora não. Ninguém precisa entender. 

Sei que as minhas coisas do meu jeito, me recebem como sou. Posso encontra-las triste, sorrindo ou cansada. Não preciso forjar humores, fingir interesses ou abrir um sorriso sem graça. Já as conquistei. 

Quando ninguém parece ouvir, quando eu não quero dizer, quando tudo já foi dormir, elas estão lá. Consumo letra por letra, nota por nota. Sou consumida por tudo isso também. 

No fim de tudo eu sempre vou ser assim. Inconstante e livre. 

És meu, mas não sou tua. Sou pássaro. Sou minha. 



Preguiça. Calor. Vontade. Suspiro. Música. Você. 

Riso. Caminho. Céu. Tarde. Janela. Você. 

Vento. Noite. Lua. Grama. Lembrança. Você. 

Medo. Espera. Aperto. Alma. Palavra. Você. 

Único. Perdida. Sozinho. Mãos. Foto. Você.

PEDRO THOMAZINI


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